Supersonic ontem e hoje, Parte 3

Em mais uma foto de catálogo da Giannini, podemos ver o modelo de Supersonic que mais se encontra por aí nas lojas de instrumentos usados e nos Mercados Livres da vida, a Ae03.

Há diferenças significativas entre este modelo, lançado aproximadamente em 1978, e o primeiro (circa 65/66).

O braço é inteiriço em Pau Marfim, em oposição ao braço de Peroba dos campos e escala de Jacarandá do primeiro modelo.

O desenho do corpo é o mesmo, porém construído em Caxeta e não mais em Cedro.

A alavanca de vibrato e a ponte são inspiradas no modelo Jazzmaster / Jaguar da Fender, salvo pequenas diferenças:

- A ponte das guitarras Fender é flutuante e permite ajuste individual de altura dos saddles, e a alavanca possui botão de trava que previne a desafinação do instrumento em caso de quebra de alguma corda. A alavanca da Giannini não tem essa função, e a ponte permite apenas um ajuste de altura geral por dois pivôs, como nas guitarras Gibson).

- O logotipo também mudou (pra pior, convenhamos).

E pra finalizar, minha opinião é que a Supersonic ideal teria as características do modelo dos anos 60, porém com a ponte + alavanca da versão setentista. Boa idéia para um modelo customizado...

Febre de juventude (ou famosos e suas Supersonics parte 3)

Foto do programa Jovem Guarda. The Fevers acompanham a rapaziada que, ao que tudo indica, canta e dança "quero que vá tudo pro inferno", aquela que o Rei não canta nem deixa os outros cantarem mais.

Entre os artistas da época que não foram cortados nesta redução da foto original (reduzimos porque afinal de contas o foco aqui é nas guitarras) estão Erasmo e Jerry Adriani.

Mas vamos ao que REALMENTE interessa (elas, as guitarras, claro):

Pedrinho da luz (último à direita) toca uma ssonic!

E até prova em contrário, Liebert Ferreira (primeiro à esquerda) toca um baixo ssonic. Os amps parecem ser Phelpa (baixo) e Giannini (guitarras). Já a guitarra de Almir Bezerra (centro, ao lado de Miguel Plopschi) não faço nem idéia qual seja.

Famosos e suas Supersonics, Parte 2

Muito antes de faltar um pedaço do açaí do samurai no oceano, Djavan foi roqueiro, e tocava uma Ssonic com sua banda LSD. Fotos roubadas do Leo Portella.

Supersonic ontem e hoje, Parte 2

Para expor as mudanças que a Ssonic foi sofrendo através dos anos e esboçar uma história do instrumento, vamos postar algumas imagens tiradas de antigos catálogos da Giannini, que me foram enviadas pela Mônica, gerente de marketing da companhia.

À direita uma Ssonic pós 1970. Segue o design básico que se firmou aproximadamente em 1966, com algumas pequenas diferenças: os captadores já têm o formato de strato, e não mais o famoso "sextavado", que já vi com "barrinhas" (mais raro) e pólos (mais comum). Note também as ferragens douradas na guitarra dessa foto, o bridge cover sobre a ponte/alavanca, e o logotipo na mão - que já não é mais aquele com a fonte "neon" pós 1966, mas o que foi adotado lá pela metade dos anos 70 e segue muito pouco alterado até os dias de hoje.

Uma de minhas ssonics é bastante semelhante a essa, com a diferença de que ainda tem o logo "neon" no headstock - o que a data a aproximadamente 1970.
As perguntas que não querem calar: quando exatamente ocorreram essas mudanças. Tem alguma info? Contate-nos!

Psicodelia Supersônica

Zé Guilherme da Rocha era conhecido entre os amigos como "Zé Hendrix". O músico acompanhou Ronnie Von nos anos 60 (tendo inclusive tocado no atualmente cultuado disco "psicodélico" do cantor, em 1968) e nos dá algumas palavras sobre sua Supersonic.

"(...)podemos falar um monte desta guitarra.Tenho histórias incriveis ...foi minha primeira guitarra. Uma das guitarras que usei para gravar o disco de 68 (principal trabalh0) de Ronnie Von.Ninguem acreditava que ela era uma Super Sonic. As pessoas queriam pegar...ver do avesso...pra saber se nao era uma Fender Strato."

Zé ficou de falar mais um pouco de sua Ssonic em breve.

E você, caro leitor? Tem alguma história interessante envolvendo uma Supersonic? Alguma foto ou informação bacana que queira compartilhar? Contate-nos!

Supersonic ontem e hoje, Parte 1

Conforme já vimos por aqui, a Ssonic era originalmente uma guitarra "híbrida" entre as Fender Jazzmaster, Jaguar e Stratocaster.

Um fato curioso é que a nova versão do instrumento, fabricada entre o segundo semestre de 2004 a 2007 aproxidamente deve parte da inspiração de seu design a outro instrumento não tão comum da Fender, a guitarra barítona Bass VI. Veja as fotos abaixo e tire suas conclusões.

Famosos e suas Supersonics, Parte 1

A Supersonic esteve na mão de muitos guitarristas brasileiros, ontem e hoje. Um dos mais conhecidos é Edgar Scandurra (ex-Ira!). O guitarrista canhoto tocou com sua SS invertida por anos com sua banda. Confira um trecho de uma entrevista publicada na revista Guitar Player número 127

(fonte: http://guitarplayer.uol.com.br/materias/materia.asp?id=567)

(...)E a sua famosa Giannini Supersonic?

Ela pintou na minha vida quando o Ira! surgiu, em 1981. Os primeiros ensaios da banda foram com ela. Essa guitarra era do Nasi e acabou ficando em casa um tempão. Fiz muita coisa com ela, mas hoje está aposentada. Eventualmente eu a uso, mas está muito machucada. (...)

Scandurra também foi agraciado com uma nova Ss custom quando a fábrica voltou a reeditar a guitarra, entre 2004 e 2007. Abaixo uma foto do guitarrista autografando uma Ss durante a expomusic de 2006 (fonte: http://www.giannini.com.br/noticia_detalhe.asp?cod_noticia=36)

A Supersonic tem pai!

Segue abaixo um trecho relevante desta entrevista com Carlos Alberto "Sossego"

Lopes, o "pai da criança", a cabeça por trás da criação de nossa querida guitarra.

(...) em 1963, quando fui contratado pela Giannini, é que mergulhei efetivamente no mundo da construção de instrumentos musicais.(...)Fui convidado para assinar os projetos de instrumentos de cordas da empresa, como guitarras e contrabaixo. Meu primeiro projeto foi o da Giannini Supersonic 703, o instrumento que levou os brasileiros a tocarem guitarra, e que hoje virou artigo de luxo, pois tem gente que procura com lupa para comprar. Na época, fiz a Giannini adquirir uma Fender Stratocaster, que serviu de base para este modelo. Desmontei-a e copiamos perfeitamente todo o seu esquema. A única coisa que não tínhamos similar aos originais, na época, eram os parafusos Allen minúsculos, então utilizamos parafusos de fenda normal. E assim nasceu a guitarra, que era uma mistura de dois modelos, a Jazzmaster - que emprestou formato de corpo e escudo - e a Strato - que cedeu posicionamento de pick-ups, alavanca, controles e receptáculo para jack. As duas primeiras edições desta guitarra caíram na mão do grupo Os Incríveis, momentos antes de eles embarcarem para a Itália. Segundo eles, o pessoal de lá ficou deslum-brado com o instrumento, pois, até então, só conheciam as Fenders originais. Na seqüência, desenvolvi amplificadores que foram True Reverber, Thunder Sound, Vali-ant, Jet Sound, Tremendão, e o Mini Mighty, através de cópias dos circuitos das caixas Fender, adaptados às nossas condições tecnológicas da época, deficiente de alguns componentes.
(...)

Direitos da entrevista e fotos reservados a seus respectivos autores e aqui reproduzidos sem fins comercias, a propósito de divulgação.

Testando, 1 2 3...

Este blog é dedicado a um instrumento que marcou época na música brasileira, Giannini Super Sonic.

O instrumento nasceu de uma idéia simples e inteligente, inspirado em duas idéias da Fender. A disposição dos captadores e a ponte / alavanca de vibrato foram inspirados na Fender Stratocaster, enquanto o formato do corpo lembrava o famoso "offset body" das Fender Jazzmaster e Jaguar, bastante confortável.

A Supersonic também levava uma vantagem sobre a Strato: enquanto esta permitia inicialmente apenas 3 e posteriormente 5 combinações entre seus 3 captadores, aquela ia um passo além oferecendo seleção individual dos captadores - o que permitia nada menos que 7 combinações.

Em breve mais detalhes, esse primeiro post é só um aperitivo para inaugurar o blog. O instrumento ao lado é minha Supersonic da série 2004. Um instrumento peculiar que combina corpo, captação e ferragens padrão (série Standard) e braço do luthier Josino (Cast), que fazia as séries DeLuxe - apenas sob encomenda - para a fábrica. O braço é sensacional, permitindo uma ação absurdamente baixa, e é meu instrumento principal para tocar Surf / instrumental.